sexta-feira, 2 de junho de 2017

ups...










enquanto ouço pacientemente, e, mais ausente do que presente, a mulher que do outro lado do telefone me conta dos seus medos e crises de ansiedade, sou surpreendida com um 'e tu ana? caramba...não sabemos nada da tua vida, nunca falas de ti...', e eu, 'ups...fui apanhada...', e desato a contar que também eu já tive as minhas crises e que agora até ando bem, sim, equilibrada, em paz comigo mesma e com os outros, por isso não tenho nada para contar. e enquanto escrevo isto, espero lentamente que o meu corpo pare de protestar pelo desentendimento entre o meu coração e o meu cérebro. a cabeça a raciocinar razoavelmente, o coração coitado, a dizer 'mas então, e eu?', e o corpo a desfazer-se em enjoos, tonturas, dores de corpo e diarreias. 'que bom, ana, quem me dera poder dizer o mesmo que tu', diz-me ela do outro lado. então lembro-me de me terem dito 'quem te conhece não te conhece', e eu fico assim vazia de entrega, vazia de partilha, com a vida aprisionada num balão prestes a rebentar.












2 comentários:

  1. ná, isso não é bem assim, e o teu texto prova-o, tens consciência de ti, das tuas circunstâncias, e não existe melhor caminho (individual, para...).

    :)

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    1. Ter consciência não chega, falta integrar e reestruturar :)

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