há dias em que quero deixar de ser esta que dá de comer aos pardais e ficar com a aveia toda só para mim e correr para a varanda a enxotá-los, pois afinal de contas eles apenas sujam tudo e se não comerem aqui irão comer a outro lado qualquer. queria deixar de ser esta a compreender e a aceitar sempre todos, deixar de ver o que não se vê, e garantir que uma árvore é apenas aquela coisa ali em frente que cresce porque tem terra e água e que os animais existem para que nos alimentemos. queria ser a que defende que o mundo é uma coincidência de circunstâncias e azar tiveram os que nasceram num país desgraçado, temos pena mas não temos culpa e temos é que levar a nossa vidinha da melhor forma e os outros que se cuidem, cada um que trate da sua, sabe? às vezes queria deixar de ser esta espécie de louca que fala com a lua e com o sol e escuta a voz do vento e de olhos fechados, chega aí com o coração nas mãos. queria deixar de ser isso tudo e ser apenas tacto e saliva, corpo.
sabe? às vezes canso-me de ser esta que aceita. fartinha de tudo mesmo, de tudo.
Ana,
ResponderEliminarCreio comoreender o que sentes. Mas essa não és tu. E às vezes custa-nos aceitar quem somos porque o nosso caminho tem pedras e montanha duras de ultrapassar. Mas a tua essência e essa e não podes fugir dela.
Toma lá um abraço apertadinho de quem crê compreender o que sentes.
Essa também sou eu. Aí uns sete e meio por cento.
EliminarAbraço apertado, Ana :)
"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."
ResponderEliminar[Eu gosto muito de ti assim, mas é preciso manter o equilíbrio.]
Um beijinho, querida ana
De vez em quando é preciso arejar os demonios, trazê -los à rua, tomar café com eles, mimá-los. E perdem a força, por algum tempo.
EliminarTambém te quero muito bem, Miss :)
Beijinho e bom domingo
ao contrário das duas belas pessoas que comentaram antes de mim, tenho a dizer-te que sim, tens toda a razão, pois que, quando não escrevemos/dizemos exactamente isso que escreveste, estamos a envenenar-nos, não os outros.
ResponderEliminarhá um momento para exigir, reclamar em todas as direcções, pontapear no ar, rugir bem alto.
sem este estado, que sucede a tempos, bem podemos tornar-nos bivalves, mas arriscamos a pena máxima (que nos inflingimos a nós próprios): sermos cozinhados em fogo lento...
como te compreendo... :)
_______
ruge, ana, ruge!
:) é como quem espreme uma espinha no nariz... dói, sai a porcaria, sangra e alivia :)
Eliminargrrrr.... alex
Estou com a Alex: às vezes é preciso dar um grito!
ResponderEliminar~CC~
obrigada, CC, por me ouvir :)
Eliminar